sábado, 23 de outubro de 2010

Reflexo

Hoje tive um dia excelente. Passei a tarde toda no Chiado com três bons amigos, ri à gargalhada, esqueci certos problemas, mas estive sempre com a sensação de que estava a ser perseguida. Em qualquer rua, ou esquina sentia um olhar vago e vazio, mirar-me.
Senti-me tão incompleta, aquele encaro estava a deixar-me fatigada.
Entrei nos Armazéns, na esperança de encontrar conforto junto à multidão. Rocei nas pessoas, ouvi diferentes línguas, cheirei diversos aromas, mas.. Aquela impressão continuava, parecia que me estavam a perfurar o peito. Algo me corroía, consumia o meu estado. 
Dirigi-me ao Starbucks, entrei, e como sempre pedi o mesmo frappuccino moka, sentei-me nos mesmos bancos, e tive os mesmos pensamentos. Ah, aquele cheiro agradável a café traz-me sempre boas recordações, e inevitavelmente, com elas vem, por arrasto, o sentimento de nostalgia, aquela tristeza profunda.
Encostei a cabeça à janela, e parei para pensar um pouco.
Deixei que a minha alma sofredora fosse consumida pela angústia. Naquele momento, senti pena de mim. 
Olhei o meu reflexo no vidro, limpei possíveis indícios de lágrimas, ajeitei a franja e... Ele estava lá.. reflectido, ao meu lado.
Olhei para trás, queria ver com clareza aquele alguém que não me deixava..
Deparei com o Nada, disse olá ao Vazio, abracei o Sonho, beijei a Esperança..

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O Nada

Sinto-me tão vazia. Há muito tempo que espero na Estação da Incerteza, por um comboio que tem como destino o Irresoluto. O vento bate-me na cara, traz consigo receios, temores. Crava em mim medos tão profundos.
Vejo sombras no chão, na parede. As fracas luzes da paragem, começam a falhar. Piscam repetidamente, até perderem a força. O frio instala-se.
Aconchego-me ao meu agasalho e arrastando a minha mala, dirijo-me a um café.
Sento-me numa cadeira dura, desconfortável. O assento que já suportou o peso de outros Pensadores.
Retiro as luvas, e educadamente, peço um chá quente. 
Odeio todo este ambiente de espera. Todo este tempo perdido. 
Olho, sem grande reacção, para a mesa, moldo guardanapos, crio formas com o papel. 
Bato com os dedos na madeira, crio ritmos, batidas, imagino o teclado de um piano, o ..
Uma senhora gordinha, vendo o meu estado insano, coloca rapidamente o bule de ervas aromáticas à minha frente.
"Beba querida, vai fazer-lhe bem aos nervos"
Mas quais nervos? Qual frenesim? Qual cólera?
Seguro a chávena com ambas as mãos, aqueço-as. O vapor torna a dar cor à minha face.
Deixo que aquele aroma adocicado, me envolva numa dança suave. Agarro-me ao Nada, dou-lhe a mão, deixo que me conduza, que baile no meu pensamento...
Oiço as carruagens lá fora, oiço multidões, oiço gentes aos beijos, oiço juras de amor, oiço pedidos de perdão, oiço choros, oiço suplicas...
De olhos fechados, tento desviar-me de todos aquele ruídos, concentro-me no Vazio e levo a taça à boca. 
O líquido queima-me os lábios. Aquece-me o interior. É uma sensação de Borboletas no Estômago. 
Uma impressão de paixão.
Estou embriagada nas minhas alucinações, no meu amor por ti.


terça-feira, 21 de setembro de 2010

Quer queiramos quer não, nós os artistas estamos muito longe de pertencer à comunidade | Almada Negreiros



quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Esmaga o Silêncio


"É que o amor é essencialmente perecível e na hora que nasce começa a morrer. Só os começos são bons. Há então um delírio, um entusiasmo, um bocadinho do céu."
Eça de Queiroz


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

sábado, 14 de agosto de 2010

22:57












Estive a tentar redigir, mas, não consegui.
Continuo a meio de um bloqueio artístico. Nunca estive tanto tempo sem escrever. Não me surgem ideias. Não me sinto minimamente inspirada. 
Tento, tento e tento... esbarro sempre no mesmo problema - a repetição. 
Quando fecho os olhos para dar asas a imaginação, percorro os mesmos caminhos. Tropeço nos mesmos buracos. A minha prosa continua sentimentalista e sofredora, os cenários que tento transmitir ainda não ganharam cor.
Receio que esta falta de criatividade se mantenha por longas estações.


Sentir é criar. Sentir é pensar sem ideias, e por isso sentir é compreender, visto que o universo não tem ideias
Fernando Pessoa


sábado, 26 de junho de 2010

"This world will never be what i expected"

Sinto-me a navegar sozinha num mar cruelmente frio, sublimemente infinito. Nunca estive tão absolutamente só, nunca me senti tão pequena, tão frágil, tão medrosa. Nunca tive tanto medo da opinião alheia.
Até onde me levou a minha insanidade? Onde estou agora? De que me vale a minha "visão única"? A minha queda para a arte? 

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Two seals


    I'm in Love

domingo, 16 de maio de 2010

Momentos

E é por isto que a minha sanidade mental tem tendência a piorar 

Eu e a minha melhor amiga estavamos tranquilamente a comer as nossas pizzas e a assistir ao filme " Sleepy Hollow ", quando a meio da cena aparece um sujeito estranho, redondo.

Totta - Realmente, as pessoas sem pescoço são mesmo esquisitas. Parece que lhes falta algo (tom super natural)

Me - O pescoço.

Well well.. 

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Viagem

Estive a pensar, e realmente tenho um desejo selvagem, louco, totalmente insano de viajar. Agarrar nos objectos mais essenciais, colocar tudo dentro de uma mala, bater com a porta do carro com força e acelerar, aumentar a velocidade rumo a novos horizontes..
Quero chegar a tua casa, pegar em ti, e desenhar o percurso de uma travessia sublime, inesquecível..
Verdadeira viagem digna de epopeia.
Quero que te sentes ao meu lado, que coloques os Ray-Ban e ponhas música bem alto, desde Rock a Pop, de Pop a Jazz, de Jazz a Blues.
Lady Day, ASA, 3 Doors e até música da Disney.
Entre gargalhadas e conversas dotadas de nexo inexistente, guio sem destino.
Oiço as tuas ideias doidas, extravagantes, escuto os teus desejos, os teus sonhos, a tua aspiração por felicidade e fantasias.
Olho pelo retrovisor, quero avistar poeira. Quero reparar no mundo posterior e comparar com a vanguarda.
Presto culto às figuras que lá atrás se deformam, desfiguram.
Quero que pegues na Canon da tua mãe, que fotografes todo o globo terrestre. Árvores, casas, culturas, arte, pessoas. Almejo que captes tudo com a objectiva, são futuras recordações, próximas lembranças..
Passamos primeiro por Lisboa, tomamos um café no Brasileira, compramos mantimentos ali numa esquina qualquer do belo Chiado e prosseguimos com a exploração.
Olhamos demoradamente, com muita atenção para todos os edificios, para os candeeiros tão tipicamente portugueses, ouvimos o fado, inspiramos nacionalismo. Arriscamos tentar criar um cenário da metrópole de antigamente. Vestidos compridos a arrastar pelo chão. Quase que ouvimos os cavalos a relinchar, as rodas dos coches na calçada. Um misto de cheiros.
Enfim... Percorremos mil metros, mais mil metros, dois quilómetros, mais dois.. vamos investigar Espanha. Catalunha, ver Batlló e Milá, podemos depois passar por Paris. tirar retratos a Preto e Branco, atravessar o Champ de Mars e mirar a grande obra de ferro, Torre Eiffel.
De que te lembras mais? Notre Dame, automaticamente Corcunda.
Segura na câmera e obtêm, alcança aquelas gárgulas, os sinos, a fachada, aquela maravilhosa obra de arquitectura gótica.
Quero levar-te a New York City, a Dallas, a Los Angeles.. quero transportar-te até Toronto e comprar-te Make-up Art Cosmetics na própria fundação. Mas isso é outra história :)

Um dia vai ser assim..

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Acontecimento Épico

9 de Maio de 1991

Porque existem datas que vão eternamente permanecer na nossa memória.
    Happy Birthday Best Friend :) 

    terça-feira, 27 de abril de 2010

    Quero

    Quero mergulhar para uma folha em branco, nadar no seu silêncio, perder-me nos seus mistérios.
    Quero afogar-me nas profundezas de um oceano irreal, desenhado, criado por mim.
    Quero tocar a Linha do horizonte.
    Quero nadar para longe, chegar a um Porto e encontrar, finalmente, o meu Abrigo.
    Quero sentar-me na areia, pegar num papel, mancha-lo, sujá-lo com a tinta da minha caneta.
    Quero riscar erros, quero sublinhar, dar destaque a nomes.
    Quero provar que o que escrevo não é tristeza, mas sim pura poesia, verdadeiras metáforas, labirintos de sentimento onde há muito me perdi.
    Quero olhar para o mar, contemplá-lo. Quero criar e destruir, ao ritmo, ao sabor de cada onda.
    Quero sentir o teu abraço e encarar o pôr-do-sol...

    domingo, 11 de abril de 2010

    Erro

    O meu poço de criatividade está a chegar ao fim, a minha estrutura destinada a acumular personalidade criadora está a cessar.
    Não consigo deixar de ser repetitiva, os meus textos são sofredores. Sou narrador omnisciente, presenceio a história, intrometo-me, narro em 1ª pessoa.
    Conheço os personagens e o enredo. Sei o que se passa no íntimo de cada pessoa ficticia, conheço as suas emoções e pensamentos. 
    Não sou vulgar, possuo uma capacidade extraordinaria de criação, invenção e interpretação.
    Sou julgada, humilhada, gozada, por algo sublime incompreendido por ti.
    Porque te incomoda e desgasta a minha afeição por ofícios que não aprecias?
    Gostava de saber o que tenho de errado. O que está mal em mim?
    Sou lixo literário? Sou esboços, rascunhos que não aceitas?
    Sou assim tão reduzida intelectualmente? Sou mensagem contida em obras, sou frases memoráveis, filosóficas, sou palavreado que não sentes?
    As minhas composições são verdadeiras e espontâneas, exprimo o que sinto e penso.
    Sou cordial, natural, leal aos meus conceitos.
    Sou revolta, sou levantamento de reflexões. "A expressão máxima da arte culmina na literatura".. E eu sou prosa, sou poesia, sou Letras.
    Sou singular, perturba-te a minha mente excêntrica? Rara?

    Se sou um erro por completo, não tentes corrigir, simplesmente apaga.

    quarta-feira, 31 de março de 2010

    Unreal? Maybe

    O meu consciente gosta de brincar comigo. Adora pregar-me partidas. Venera invadir os meus sonhos com as suas tropas.
    Cavalos de realidade, soldados de verdade, guerreiros genuínos e arqueiros, todos em conjunto, dão passadas poderosas, prontos para delicerar a minha utopia.
    Armas cortantes, peças de artilharia, flechas de sobriedade, atingem, alcançam a minha fantasia.
    Poderosos combatentes penetram no meu sono profundo e declaram uma batalha à mão armada com o meu sub-consciente.
    O meu plano mental inferior prepara um contra-ataque, as minhas tropas deixam de ser moderadas, temperadas e passam repentinamente da defensiva à ofensiva.
    Imaginação, ficção, espirito, pensamentos - forma-se o meu corpo de infantaria.
    Trava-se uma peleja de ideias.


    quarta-feira, 17 de março de 2010

    Navegar

    Em tempos disseram-me que a inspiração é que nos procura. Espero pacientemente para que alguma ideia entre em mim... Mas nada... Nada de grandes fontes de criatividade, nem de poderes inacabaveis de criação.
    Olhando para este ecrã apenas divago, penso naquilo que posso vir ou não a escrever, mas nada me agrada. Não gosto de falar de mim, muito menos expor aquilo que sou..
    Enfim...
    A minha escrita sempre revelou o que penso e neste momento não me sinto com cabeça para encher de palavras este fundo sem cor, este papel virtual.
    Não consigo criar um cenário, não possuo capacidade para dar existência a pessoas fictícias, nunca vou gerar uma obra literária.
    Sinto-me a navegar num mar sombrio, à deriva no desgosto, cada onda que me ataca é uma chapada de mentiras, de ilusões. Sou envolvida pela sombra total. Como uma manta fria que me aperta, destrói, sufoca. Gelo num mar profundo, afogo-me em desilusões.
    Cada dia que passa sinto a minha mente mais perto da loucura, paranóia que cresce em simultâneo com a insanidade.
    Recordações são feridas que nunca vão sarar, são dores e lágrimas eternas.
    Uma parte de mim renega sonhar, tem consciência de que os sonhos são inconsciência pura.

    domingo, 14 de março de 2010

    Two Players

    Caminho lentamente por uma estrada repleta de buracos, respiro poeira, enfrento mil e um perigos, quero descobrir quem sou.
    Penso em coisas sem nexo.
    Enquanto o meu corpo fraqueja a minha mente voa para longe, cria histórias irreais.
    A minha viagem é complicada, difícil, impossível.
    Pelo trajecto derrubo e sou derrubada.
    Em meu redor apenas avisto regras, destruição, desfiguramento.
    O chão coberto de azulejos simetricamente bem colocados.
    Preto, branco, preto, branco..
    O céu é cinzento, o ar pesado.
    Encontro.me numa batalha épica, onde Damas lutam com guerreiros armados, onde a plebe é sempre inferior e mendiga uma promoção de ascensão, onde Reis se escondem deliberadamente por de trás de inacabaveis muralhas, fortes Torres.
    16 poderosas peças olham para mim de frente, analisando cada pedaço do meu ser. Lêem.me a mente. Querem petrificar.me. Juntar.me a colecção.
    Acham que tenho de ser domada. Que alguém mais poderoso deve controlar todos os meus passos diagonais , verticais e horizontais.
    Encontro.me num verdadeiro tabuleiro de xadrez.
    Caminho lentamente, por entre todo aquele caos.
    Oiço choros, sinto que muitos querem desistir, ou proclamar empate. Almejam abandonar o local.
    Oiço passadas metalizadas , movimentos pesados , gritos de guerra, linguagem trágica.
    Oiço pedidos de misericórdia.
    Oiço suplicas.
    Escondo.me, fecho os olhos e tento ignorar o meu redor.
    Melancolia, mágoa... Loucura...
    Agarro num papel e concentro.me. Esqueço o alheio e rabisco letras, desenho vocábulos, crio, dou vida a um texto.
    Destruo peças, organizo o meu jogo.
    Apago a insegurança vivida na minha divisão.
    Cavalos e Bispos perfeitamente alinhados, esperam, anseiam ouvir a minha voz. Querem ordens.
    H5, B3, D4.
    Sou um peão na linha principal, o medo e desespero invadem.me.
    Vejo gigantes blocos de mármore a desfazer.se a minha frente.
    A minha capacidade de raciocínio fraqueja, a minha concentração é nula. Não me lembro das jogadas.
    As peças adversárias continuam em 'en passant' mas isso não chega para ganhar.
    64 casas, 32 soldados, são como marionetas, esperam para ganhar vida, questionam o seu destino.
    Solto gargalhadas, grito.
    É impossível voltares atrás, onde está a tua habilidade e astúcia? 'piece touche piece joue'.
    JOGA
    O exército oponente desloca.se.
    Não vou chegar a acordos, não vou aceitar desistências.
    JOGA
    Esquece as promoções divinas, nem isso te safa, esquece as voltas atrás , esquece a mudança de quadrado.. XEQUE
    Podes parar de te ocultar atrás das tuas tropas.. MATE

    Eu

    A minha escrita é repetitiva.
    Rasgo folhas, rascunhos, em busca do texto, da poesia perfeita.
    Ando constantemente à procura da palavra chave que vai desenrolar, que vai desenvolver, dar acção, melodia e sentimento à prosa. Aplicando dor aos vocábulos, escrevo sobre guerras épicas, ódio, amores trágicos e ilusão. Falo de criaturas místicas, possuidoras de uma crueldade infinita.
    Redijo sempre com o inconsciente.
    Pretendo transmitir sensações, fazer sentir emoções. Quero ouvir choros.
    Torturo o meu cérebro, quero arrancar o irreal e transformá-lo, moldá-lo, em possíveis doutrinas, formas expressivas.
    Adoro magoar as letras.
    Bato-lhes. Quero que captem com urgência todos os meus pensamentos, todas as minhas ideias. Quero que formem com rapidez um texto simbólico.
    Mutilo todos os erros e construo termos metaforicamente perfeitos.
    O sangue das promessas verbais é a tinta da minha caneta, as minhas frases são o espelho, o reflexo da sua dor.