quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

estado interior



Tenho medo de sonhar. Medo de subir aquele lanço de escadas. Aqueles degraus que fatalmente me vão levar até ao sótão proibido, compartimento cerebral que guarda todas as nossas recordações. Não quero vasculhar no meu sistema límbico. Há coisas que mais vale esquecer. Chega! Não me faças remexer na minha mente.
Cala-te. Estou farta dessa tua voz. Ouve!
Se dominasse a auto-hipnose, podes ter a certeza que já te tinha varrido do meu inconsciente.
Se o sonho é uma ensaio de imaginação, então, porque raio, o meu plano mental inferior não cria uma personagem com poder suficiente para te eliminar? 
Nem era preciso algo muito complexo. Uma onda chegava, desde que tivesse força suficiente para te levar com ela. Fazer-te rebolar por um cais. Engole água salgada. Afoga-te. Larga as minhas memórias.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

estado anterior








Há sempre algo no Presente que me leva de volta às ondas do Pretérito. Uma rua, um objecto, uma língua. Coisas simples e banais com força suficiente para me arrastar de volta àqueles mares.

fecho os olhos

Incrível como milhares de imagens se erguem na minha mente. Fotografias mentais, figuras quase tão reais quanto o próprio real.
Não gosto deste barco. Odeio este porto. Já cá estive demasiadas vezes para conseguir prever, para ter consciência do que se prossegue.